4,2. Filhos, escolhas e essa tal de criação com apego

Ter filhos, como tudo na vida, faz a gente viver um processo contínuo de escolhas. Grandes escolhas. Não funciona como cuspir um bebê e fim. É difícil, você tem de cuidar, e escolher como fazer isso. Eu sempre coloquei um peso muito grande nessa parada. Como se EU tivesse toda a responsabilidade sobre a vida daquele ser dentro da minha barriga (e não era assim, ue?) e sobre a vida futura dele. Como tenho amor por ele, quero o melhor. No caso, o que EU considero o melhor.

feminismComeça com como eu vejo o mundo, meus posicionamentos políticos, ser contra a cultura do estupro, ser a favor de um igualdade entre gêneros, pensar em uma sociedade mais colaborativa… isso foi me levando para o mundo dos brinquedos-são-brinquedos-sem-essa-de-menino-ou-menina, à não querer saber o sexo do bebê durante a gravidez, à não restringir a paleta de cores e modelos na hora da compra do enxoval, do cuidado com respeito, da cama compartilhada, do não deixar chorar até dormir.

 Jogando no Google e vi que existia um “nome” para a forma como eu queria cuidar da cria. Um nome e uma teoria que no meu caso vieram bem depois de já estar tudo dentro da minha cabeça.

b509e548dfc087ff98afbfc7fb356a97Mas para quem não conhece eu vou fazer um resumo à la wikipédia:

A Criação com apego (do original “attachment parenting”) foi criada por um pediatra americano chamado William Sears, baseando-senos princípios da Teoria do Apego (proposta por John Bowlby). Que se danem esses nomes, vamos ao que interessa: a tal da Teoria do Apego contesta a ideia da psicanálise freudiana de que “o apego é uma consequência da necessidade de satisfazer desejos ocultos”. Para o Bowlby, o apego é algo natural, normal e saudável do desenvolvimento infantil (biológico mesmo), que faz das crianças naturalmente ligadas aos seus pais por necessidades “de socialização”, por assim dizer. Assim, toda criança teria uma tendência a buscar proximidade com uma pessoa e se sentir segura quando essa pessoa está presente. Logo, uma forte ligação emocional com os pais quando pequenos (o dito “apego seguro”), levaria à relacionamentos seguros e empáticos na idade adulta (o que no meu caso explicaria bem minhas questões emocionais do presente. pronto falei).

A criação com apego é uma “aplicação prática” dessa teoria, mostrando aos pais como suprir as necessidades dos seus bebês. Essas necessidades básicas, vão muito além da alimentação, mas passam pela proteção, acolhimento, permanecer fisicamente próximo ao cuidador durante os primeiros anos de vida, previsibilidade dos acontecimentos… Quando um bebê tem atendido consistente e apropriadamente essas necessidades básicas ele tem o seu desenvolvimento emocional, físico e neurológico amplificado, potencializado. ou seja: a relação que queremos construir com nossos filhos gira em torno do vínculo construído.

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“A missão da Attachment Parenting International (API) é promover práticas de criação que criam vínculos emocionais fortes e saudáveis entre pais e filhos. A API acredita que a prática da Criação com Apego (do inglês Attachment Parenting – AP) atende às necessidades da criança de confiança, empatia e afeição, provendo a base para uma vida repleta de relacionamentos saudáveis.”

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Existem oito princípios que funcionam como uma caixa de ferramentas para os pais, mães e outros cuidadores: você conhece, vê o que se aplica a sua realidade familiar e segue como te diz respeito. Nada disso é um manual, com check list. Apenas, uma forma de entender melhor o desenvolvimento normal dos filhos, de identificar as necessidades, e poder responder com respeito e empatia.

Oito Princípios da Criação com Apego:

  1. Preparando para a Gestação, Nascimento e Criação
  2. Alimentando com Amor e Respeito
  3. Respondendo com Sensibilidade
  4. Usando o Contato Afetivo
  5. Garantindo um Sono Seguro, Física e Emocionalmente
  6. Provendo Cuidado Consistente e Amoroso
  7. Praticando a Disciplina Positiva
  8. Mantendo o Equilíbrio entre a Vida Pessoal e Familiar

É legal deixar claro que nada disso é sobre (obrigatoriamente) a “cama compartilhada”, amamentação em livre demanda,  o uso do sling, o método BLW… é sobre fazer as escolhas possíveis e que fazem sentido para a sua família, levando em conta o respeito ao bebê e a necessidade dele de proteção.

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Na real, vou ser sincera, vivo por ae falando criação com apego isso, criação com apego aquilo, maaaaaas, eu nunca li mais do que duas linhas sobre o assunto.

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Por que? Simplesmente porque me soa óbvio (e porque ler sobre maternidade me deixa louca-neurótica, então tive que dar uma cortada durante a gravidez). Óbvio pois é o que eu vou fazendo naturalmente. Ninguém nunca precisou me falar que era bacana eu pensar sobre o meu parto, cuidar da minha gestação e coisa e tal. Tava ali já dado pra mim que esse momento era putamente importante pro meu filho, que deixaria marcas, que eu queria que ele estivesse sempre pertinho, que ninguém ia tirá-lo mais de dez minutos do meu lado depois que nascesse, que ia mamar… e por ae vai.

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Criação com apego, para mim, é seguir os meus “instintos”, o meu coração (ou qualquer outro clichê do tipo). É ligar a mínima para as teorias modismos: de deixar o bebê chorando para dormir a noite toda, de quantidade exata de papinha que um bebê deve ingerir por dia, de berços com mil panos, protetores e sei lá mais o que. É tratar meu filho com respeito, como uma pessoa, com vontades, frustrações. É tentar entendê-lo, mesmo que ele seja um bebê de oito meses e não me entenda bem. É tentar acolhê-lo.

Enfim, é amor.

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071d4f185003c41b6410953ff5263f6ePara saber mais:

Os oito princípios bem explicadinhos e em português

O site do Paizinho, Vírgula! e o canal do youtube.

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2 comentários sobre “4,2. Filhos, escolhas e essa tal de criação com apego

  1. Simplifica disse:

    Bom, eu não tenho filhos, mas essa semana, por acaso, eu ouvi um podcast exatamente sobre isso. O podcast é do “Science VS” e obviamente o programa é “Attachment Parenting”, inclusive foi o último publicado. Eles discutem as provas científicas sobre a tal criação com apego… Depois do podcast e do seu post, não tenho mais uma opinião formada sobre o assunto, hahahaha. Hide

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